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Patrick, Reginaldo, Arildo e Edinaldo Couto |
Na década de 1950 para a
construção da Usina Hidrelétrica Parigot de Souza foi construído uma grande obra
de engenharia que deixou marcas na história nas matas e montanhas da região,
que abrigam curiosas estruturas em ruínas. Uma dela é a Janela da Conceição, um
túnel de um pouco mais de 1200 metros de extensão. Cravadas nas proximidades
das montanhas do Pico do Paraná, Ferraria e Taipa. Eu pouco conheço esse “Elo
Pedido do Paraná”, mas com certeza reserva muitas histórias e lendas, que vale
a pena estudar a fundo. E fazia muito tempo que eu queria conhecer esse lugar
tão misterioso. No começo do ano, Edinaldo e Patrick me convidaram junto com um
grupo de conhecer essa obra do homem. Infelizmente por falta de tempo e pela
trilha que estava muito difícil de passar e encontrar tivemos que abortar a
caminhada para a nossa segurança. E claro que um dia ou outra essa oportunidade
iria bater em minha porta novamente. E bem no dia 4 de junho, um feriado, surgiu
novamente a oportunidade que eu precisava para conhecer esse lugar.
Eu, Patrick um “parceraço”
de montanha, Edinaldo Couto e Arildo que conhecia bem a região resolvemos pegar
essa data para encarar e tentar chegar à Janela. Sabendo que o tempo era curto,
partimos bem cedo de Curitiba destino Antonina – Bairro Alto. Para se chegar a
esse bairro, bem antes de chegar à cidade de Antonina, pegar a estrada que segue
para Cacatu/Cachoeira de Cima e segue até o final dessa estrada. Deixe o carro
na fazenda do senhor Antonio.
Chegamos à fazenda umas 08h00min
da manha e não perdemos tempo, começamos nossa caminhada, os mosquitos estavam
nervosos e mordendo legal. Como estávamos em apenas quatro pessoas a caminhada
começou a render, logo começamos a avistar o Pico Paraná e seus ilustres
vizinhos do maciço Ibitirati e do União, bem como as montanhas menores que o
rodeiam pelo leste e pelo norte, como o Tupipiá, o Ibitipaú, o Ibitiguira, o Jacutinga,
o Saci e o Sacizinho. Em 01h50min já chegamos à primeira ponte com uma estrutura
de madeira, estávamos bem adiantado. A trilha estava bem aberta, pois o pessoal
do AMC (Associação Montanhista de Cristo), tinham passado umas semanas atrás
facilitando nosso caminho, nesse trecho até chegar as torres de energia foi bem
tranquilo, o problema era chegar até a primeira ponte de ferro.
Chegamos à primeira ponte de ferro depois de umas duas horas
e meia de caminhada. Ali mora o complicado de chegar à Janela, simplesmente
aparece muitas trilhas e muitas delas leva ao erro, e a desistência, o segredo
é passar entre duas grandes arvores, mas mesmo assim é preciso cuidado para não
errar o caminho. Logo encontramos a segunda ponte de ferro, algumas estruturas
de concreto e depois de 03h20min de caminhada chegamos à tão sonhada Janela da
Conceição. Eu e o Patrick tivemos a honra de abrir a porta, pois dos quatro
somente nós dois ainda não conhecia esse túnel. De cara encontramos vários
morcegos que assustados voavam entre nós o tempo todo. A entrada que era o
único ponto de luz da Janela logo foi ficando para trás, em alguns trechos
estava seco, mas logo percebemos que não seria mais possível passar sem molhar
os pés.
Chegamos ao final do túnel aonde existe uma porta lacrada,
tiramos algumas fotos, e voltamos, de longe avistava apenas um pontinho de luz,
era a nossa saída. Depois de ficar com os pés molhados e felizes por encontrar
essa beleza. Fomos conhecer a cachoeira dos cabos, quem fica bem próximo a
primeira ponte de ferro. Fizemos um lanche e partimos para o nossa caminhada
final. Resolvemos dar uma parada na Piscina do Elefante. Um complexo em ruínas
que mostra os sinais das comportas e saída de água em dupla tubulação que
descia até a casa de máquinas da hidrelétrica. Tiramos algumas fotos e voltamos,
o próximo destino agora era a Cachoeira do Saci, infelizmente eu estava com as
minhas unhas do pé bem machucado, então para mim até ali já estava bom.
Continuei minha caminhada até a fazenda onde estava o carro, e esperei por mais
uma hora o Patrick, Edinaldo e Arildo, que foram visitar a cachoeira. Foram
mais ou menos oito horas de caminhada. Conhecer essa obra do homem foi muito
interessante, o que eu reconheci nisso, como naquela época, era possível construir
tudo isso sem a modernidade que temos hoje. E também com o Brasil desperdiça
dinheiro com obras publicas. Por mais que seja algo que está no passado e que
faz parte da historia do Paraná. Isso mostra que até naquela época os políticos
faziam as obras e leis sem nenhum planejamento. É lamentável isso!
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Amanhecer na serra, ao fundo Pico 7, Mãe Catira e Pequeno Polegar |
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Estrutura abandonada |
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Ponde de madeira improvisada em dias molhados é impossível passar em pé |
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Ponte de ferro totalmente tomada pelo tempo |
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Ultima ponte de ferro antes de chegar na Janela |
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Maciço do Pico do Paraná |
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Janela da Conceição |
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Muitos morcegos |
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Porta lacrada |
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Mais uma estrutura abandonada |
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Cachoeira dos cabos |
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Piscina do Elefante |
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Na direita se avista o Leste do Ferraria.
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