Hoje é um dia muito importante em nossas vidas, dia que comemoramos
1 aninho do nosso “montanhistinha”. Eu lembro como se fosse hoje, aquele 20/06/2017,
um dia frio como tem que ser nessa época do ano. Nada como relembrar o
nascimento do nosso Arthur Nícolas. Na verdade o nascimento dele começa no dia
19/06/2017. Estava eu levando o meu outro filho Vinicius para a sua primeira entrevista
de emprego, quando minha esposa me liga dizendo que estava na hora! A bolsa
estourou, mas ainda não era de se sair desesperado, pois o que eu aprendi no
curso de papais, era para que quando isso acontece tem que analisar
como está a contração. Até estava tudo bem, segundo o que ela tinha me passado
ainda era baixo, então com calma levei o Vini para a sua entrevista e logo
voltei. Ao chegar em casa minha esposa estava tranquilo com poucas dores e
minha irmã cuidava dela. Fomos para o hospital era mais ou menos umas 9:00 da manhã,
ao chegamos lá as contrações começavam a aumentar, mas nada de internação, pois
a tal da dilatação estava bem pequena e como o Arthur estava numa boa posição
de parto normal era uma questão de tempo, e olha que esse tempo demorou. A
médica sugeriu que até voltássemos pra casa, mas fui bem negativo com isso,
pois como a bolsa tinha estourando não seria uma boa voltar pra casa. Persistimos então com
sua internação, e dores começaram a aumentar cada momento que passava. Na troca
de médicos as 17 horas ela entra pela ultima vez na sala dos médicos para fazer
alguns exames que então foi constatado a ruptura da bolsa. E a médica logo me
informou que eu fiz o correto de não ter levado para casa. As 19:00 veio a
internação, no hospital Evangélico de Curitiba, que fui muito bem atendido
embora a chatice do médico inicial não tê-la internado.
Entramos na ala de obstetrícia, uma sala de enfermagem com várias
camas, porém duas enfermeiras, uma médica de plantão, eu e minha esposa estávamos
lá sozinhos. A sala estava em silêncio, minha esposa deitada numa cama e eu
sentado num banquinho há observava. No lado de fora era possível avistar vários prédios
e a rua que cercava o hospital. Estava chovendo fraquinho, mas estava muito
frio. Como eu estava somente com uma roupa de trabalho, camisa e calça social,
pois depois da entrevista do Vini ia trabalhar, e acreditando que logo voltaria
pra casa depois do trabalho, não precisa nem dizer o frio que eu passei. A
Antonia já estava com dores forte e eu estava ali para ajudá-la. Imagina ela ficar
preocupada comigo.
Logo a madrugada fria se inicia, hora ela tirava um cochilo
outra hora apertava forte minha mão por causa das dores da contração. Era umas
6:00 da manha quando as enfermeiras colocaram soro nela para aumentar a
dilatação, e com isso, as dores que só as mamães sabe como é, e já passaram um dia,
começaram a aumentar, mas nada da dilatação chegar no momento certo. As dores
cresciam cada vez que passava, exames, médicos lhe atendendo, enfermeiras
cuidado dela e nada. A pequena era guerreira e em nenhum momento chorou ou
ficou desesperada. Começava ali um momento de aflição, conforme as horas
passavam, começou uma luta para que o Arthur nascesse no parto normal. Chuveiro
quente para ajudar, bolinha para ajudar na dilatação, agachamento, só faltou a
dancinha. Eu sempre procurando ajuda-la no que for preciso. Minha esposa já estava
entregue, quando falei para a médica que ela já estava sofrendo muito, e que
era uma bora hora para ver a possibilidade de cessaria. A médica então faz o último
toque, e decidem chamar o médico especialista em parto normal para verificar. Então,
ele constata que ainda faltava dois de dilatação que se forçar pode ser que
consiga. Fomos então para a sala de parto, minha esposa já começava a gritar um
pouco mais forte por causa das dores, já era visível o seu cansaço e eu já estava
todo entregue a preocupação.
Deitada na mesa de parto normal, e em volta várias
enfermeiras e a maioria eram curiosas e que estava torcendo que desse certo,
pois muitas ainda não tinham visto um parto normal. O médico pediu para que eu a
ajudasse naquele momento, comecei a pensar nas montanhas e como as vezes nos encontramos
nos desafios, falei com ela sobre isso e disse que era para ela fazer toda a
força do mundo, pois eu estaria do lado dela. Comecei a grita com ela “força,
força, força” uma vez e nada duas vezes e nada. Foi ai então que o médico decidiu
mudar e fazer a cessaria, pois o Arthur estava com o rostinho virado. A ideia
era assim, que ela fizesse força o médico iria virar a cabecinha dele para que saísse,
mas isso não aconteceu. Como ela já estava bem debilitada e muita cansada eles
mesmo resolveram não forçar. Até porque ela foi muito guerreira e eles
perceberam isso. Mas o momento mais difícil vem agora, para fazer a cesariana ela
teve que ir até o banheiro para fazer xixi e retornar para a sala de cesariana.
Como o auxílio das enfermeiras e eu ajudando o tempo todo, e
com muita dor ela foi numa distância de mais ou menos 50 metros ida e volta. No
retorno a enfermeira me pediu para esperar num banco próximo aonde estávamos desde
o início, sentei e comecei a lembra de tudo o que houve e assim desabei em
lagrimas. Ao vestir as roupas especiais e entrar na sala vi minha esposa calma
e tranquila, somente com calafrio, mas não sentia dor nenhuma. Foi ai que o
Arthur nasceu no dia 20/06/2017 as 17:15 com 3 quilos e 415 gramas. Foi um
momento incrível, assim que ele nasceu umas das enfermeiras logo disse “olha
que lindo tem covinha, vou levar pra casa”. O médico que tentou o parto normal
estava do meu lado e logo pediu para eu me levantar e tirar fotos, que momento
mais lindo. Eu vi meu filho nascer! Depois de toda aflição acompanhei a
enfermeira para os primeiros cuidados com o Arthur em uma sala, ela deu toda a assistência
e cuidados necessários, “envelopou” meu filho e colocou numa espécie de calor
artificial. Eu ali com cara de bobo olhava pra ele louco para pega-lo, foi então
que a enfermeira logo me disse “pega logo pai”. E com lagrimas de emoção peguei
meu filho no colo e me senti pai novamente.
Depois de três longos dias no hospital, dormindo em um sofá
ruim e com mais de 5 leitos com mulheres que acabara de dar à luz e mais seus acompanhantes,
estava finalmente pegando alta, tanto a mãe como o bebê. Naqueles dias que estávamos
lá, ouvi muita histórias, tanto de pais de primeira viagem e totalmente sem experiência
na vida ainda, como pais que já era o terceiro filho. Saí com uma boa impressão
do hospital, fomos bem atendidos em geral, o hospital nos deu todo o apoio necessário,
é uma pena que ele se encontra numa situação financeira bem difícil ao ponto de
fechar as portas. Fomos pra casa e ao chegar começa então outro desafio, nos
adaptar com o novo membro da família. E também cuidar da Antonia até que ela se
recupere 100%.
O tempo passou e hoje vimos o quanto todo aquele sofrimento
foi importante em nossas vidas, pois Deus sabe de todas as coisas e nenhuma
folha de árvore cai sem ele saber. O Arthur está forte, sorridente e feliz, está
na fase de caminhar e agora nos acompanha em nossas aventuras. Até acampar ele já
teve essa experiência. Hoje ele completa 1 ano de vida e cada dia que passa nos
alegra e nos encanta com seu desenvolvimento. Não tenho mais palavras para
expressar esse amor tão grande. Somente sei que Deus foi maravilhoso conosco e
nos deu um filho lindo, cheio de saúde e pronto para fazer de nossas vidas um
bom caminho para trilhar.