"Em Memória de Veridiane Patrícia Nunes Mendes, minha irmã querida."
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Foto: Rogério Luiz Pulowsky |
Já faz um bom tempo que queria voltar para o Cerro Verde,
não lembro bem o ano, mas ainda trabalhava na RPC- TV, então deve ter sido
entre 2008 e 2009, já tinha feito ela duas vezes uma entre fazendas e outras no
tradicional mesmo, pelo Bolinha. Não lembrava nem um pouco o quanto está
montanha desgasta você. Um sobe e desce intenso que dá vontade de sair
gritando. Voltar é mais puxado ainda, pois você já está bem cansado. Como ando
um pouco fora de forma, imagina como foi bem difícil o dia. E a idade também não
está mais ajudando muito. Em 2022 começarei um projeto para voltar a muitas
trilhas que fiz, como Siririca, Torre da Prata e etc., para marcar as trilhas
no meu Wikiloc. Estou entrando numa fase de aposentadoria na montanha, até mesmo
a trilha do Itupava que fiz muitas e muitas vezes, vou fazer mais uma vez para
marcar essa trilha e finalizar o assunto. Combinei com meu amigo e parceiro de montanha Rogério Luiz
Pulowsky para essa empreitada e também completou nossa companhia a Marjori
Klinczak, que sua simpatia e dedicação nos acompanhou nesse dia. O dia
prometia, o tempo estava maravilhoso nem muito frio nem muito quente. Chegamos
na Fazendo do Bolinha umas 7h:30min, nos deparamos com o respeitado montanhista Nerio Carvalhais, um montanhista simples e muito simpático que esbanja experiência e
sabedoria. Tiramos uma foto rápida com ele e começamos a subir morro a cima. A
fazenda estava lotada, muitos indo para diversos locais da região, mas o
principal destino era o Camapuã, pois é uma montanha de fácil acesso até seu
cume, mas não se engane, ela tem uma das rampas mais chatas de fazer que eu
conheço. Começamos a subir as 8h:00min da manhã, sem muita pressa logo começamos a
alcançar algumas pessoas que também estavam indo para o Camapuã e outras
montanhas. Com mochila de ataque, chegamos muito rápido na rampa e em menos de
2h:17min chegamos no cume do Camapuã. Logo de cara encontro com um grande amigo
meu de montanha o Nelson da Silva Junior, que guiava com muita responsabilidade
um grupo até o Tucum que era então nosso próximo objetivo. Paramos para tirar
umas fotos e descansar um pouco, uma laranja para ajudar na hidratação e
partimos rumo Tucum.
A descida entre o Camapuã e Tucum é mais tranquila, um vale
corta a montanha e a subida até o Tucum não é tão chato como a rampa do
Camapuã, em menos de 30 minutos chegamos no cume. Deparamos com muita gente na
montanha, um grupo de mais de 10 pessoas estava com meu colega Nelson. De longe
avistei um grupo que estava fazendo a travessia entre fazendas. Não pensamos
muito e já começamos a descer. De cara nos perdemos um pouco, ao invés de pegar
a direita da montanha fomos para a esquerda, que nos levou para uma rampa, o
Gps logo avisou que estávamos errado, e para achar a trilha foi um parto, tive
que parar várias vezes para esperar a atualização e ver onde estávamos.
Mas a trilha não estava longe de nós e a Marjori logo a encontrou novamente, mas para isso teve que voltar quase do começo. Vale uma dica aqui,
quando você estiver para descer, aviste duas clareiras basta seguir o da
direito não tem erro. Trilha encontrada agora e montanha abaixo. Começamos a descer sentido Cerro Verde, a partir de agora a
trilha se torna mais intensa e perigosa, devido a inclinação do morro e também
de um verdadeiro trepa raiz e quatro lances de corda. A descida é bem chata, é
preciso tomar mais cuidado aqui para evitar escorregões e tropeços. Como é uma
montanha não muito visitado por causa da sua dificuldade, a trilha é bem
fechada, com muitas raízes e também bambus que nos segue até o final.
Encontramos o grupo que estavam fazendo a travessia entre fazendas, como o
trecho requer cuidados, nesse ponto foi preciso ter um pouco de paciência para
continuar. Mas nada que atrapalhasse, porém a ideia de chagar as 13h:00min no cume
não foi concluído. Assim que chegamos no vale entre as duas montanhas, passamos
eles e seguimos montanhas acima. Passamos pela bifurcação entre Luar e Cerro
Verde, a direita segue sentido Luar e a esquerda Cerro Verde, mas deve ter
muito cuidado na volta, para não continuar a trilha sentido Luar.
Seguimos
morro acima, a trilha para o Cerro Verde e bem fechada, pouco se enxerga o
chão, para trás vai ficando o Tucum. Cada passo era uma conquista, e em 5 horas
de trilha alcançamos o cume do Cerro Verde. Na única clareira disponível estava acampando um grupo, e tão logo o outro grupo da travessia alcançou a
montanha. Tiramos umas fotos da caixa, algumas dedicatórias e homenagem a minha
irmã que esse ano nos deixou. Fizemos um bom lanche, descansamos bastante antes
de voltar, pois sabia que não seria fácil o retorno. Tiramos mais algumas fotos
e começamos a nossa volta. Saímos do cume as 14h:00min em ponto como já era
combinado. Começamos a descer o Cerro Verde, o sol atrapalhava bastante a
visibilidade, pois ele estava bem de frente. Como estou bem fora de forma e
pretendia na volta gastar menos energia possível, pedi para tanto o Rogério
como a Marjori me deixar pra trás, pois assim consigo mantar um bom ritmo sem
cansar os outros. Rapidamente chegamos no vale que separa as duas montanhas e tão
longo chegamos no que seria o primeiro maior desafio, subir a inclinada
montanha do Tucum. Uma verdadeira “escalaminhada” até o cume. Usando braços e
pernas, o Tucum ia aos poucos sendo superados, o cansaço era bem grande,
parecia que não chegava nunca. Segurando em raízes e pedras chegamos novamente
no cume do Tucum com menos de 1h:30min de trilha. Ao chegar no cume paramos um
pouco só para respirar, mesmo tomando muita água me sentia desidratado,
descansamos e continuamos sentido Camapuã. Chegamos rapidamente no vale,
começamos a encontrar grupos subindo o Tucum e uns provavelmente indo para o
Cerro Verde, o problema é que não tinha mais lugar para acampar no Cerro, até
avisei uns para evitar que chegasse lá com cargueira e tivesse que voltar, já
passei por isso e sei o quanto é chato e cansativo. Chegamos rapidamente no
cume do Campauã, aproveitar pra tirar umas fotos e fazer uns vídeos, estávamos
fazendo um bom retorno. Começamos a descer a rampa, não sei o que é pior,
subi-la ou desce-la, as penas começa a cansar conforme vai descendo. O sol no
seu horizonte vai se pondo, e a medida que terminávamos a rampa a noite vai se
aproximando!
Finalizamos a rampa e pegamos mata a dentro, era nosso último
desafio, as pernas não respondia mais, até que um deslize meu acabei escorrendo
em uma raiz e prendendo levemente a perna, foi por pouco que não acabo me
machucando feio. Como estava bem desgastado comecei a andar mais lentamente
para evitar que me machucasse deixando os dois indo a frente sem eu ter que
atrapalha-los. Chegamos no cruzo, descansamos um pouco e novamente voltamos
sentido Bolinha, já estava muito próximo de finalizar a trilha, mas quem diz
que essa é a parte boa né, esse trecho é mais difícil
ainda, parece que a trilha não tem fim, o último trecho de trilha se torna
infinita, é igual descer o Getúlio depois de uma longa caminhada, parece que
nunca acaba. A noite cai sobre a mata deixando escuro o ambiente, já sozinho
passei a refletir sobre minha vida e sobre tudo o que passamos juntos, é uma experiência
incrível, quem um dia quiser ter essa experiência de fazer uma trilha sozinha,
vai que é muito bom, mas recomendo cautelas para evitar qualquer complicação
durante e depois da trilha. E finalmente em menos de 4h:30min do Cerro Verde até o
Bolinha finalizamos a trilha. Foram exatos 9h:30min de trilha num percursos de
aproximadamente 12 km entre idas e voltas, numa trilha fantásticas e com um
visual maravilhoso, sem contar com a companhia de Rogério e Marjori, dois ótimos
montanhistas que além de grandes parceiros deixam a trilha ainda melhor.
Wikiloc: Camapuã, Tucum e Cerro Verde
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Nerio, Marjori, eu e Rogério |
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Grande árvore |
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Cruzo |
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Rampa do Camapuã |
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Cume Camapuã |
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Tucum a vista e ao fundo PP
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Grande amigo Nelson |
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Cume Tucum |