Nossos filhos conforme vão crescendo e se desenvolvendo, vão melhorando em vários aspectos e um deles é o esporte. Desde da barriga da mãe já colocávamos em seu DNA a vontade de fazer trilhas e se apaixonar por montanhas. Em menos de 3 meses no ventre da minha esposa, estava subindo o imponente Agulhas Negras. E assim foi indo. Depois do seu nascimento, veio o interesse de comprar uma mochila Deuter Kids para leva-lo nas trilhas. Essa foi uma das melhores escolhas que já fizemos juntos, quantas histórias, quantas trilhas e boas lembranças, algo que não tem preço! Conforme ele foi crescendo, a mochila ficou para trás e tivemos que incentiva-lo a fazer trilhas conforme lugares que íamos acampar. Até que então chegou a hora do teste e ver se ele realmente ia bem ou não.
Começamos a planejam uma trilha mais longa para o Arthur já faz um bom tempo. Levamos ele para trilhas mais curtinhas e em algumas ele até ia bem, outras, queria ajuda e colo. Tinha ouvido falar do Cânions da Faxina, uma trilha não muito puxada e que tem bastante histórico de crianças fazendo ela. Pesquisei sobre a trilha, verifiquei a distância e relatos de algumas pessoas e a decisão foi essa mesma. O Cânion da Faxina seria a sua primeira trilha longa com mais de 4 km. Chegamos umas 8:15 da manhã no Recanto Cruzeta, onde é possível deixar o carro por um valor bem acessível. O clima estava muito bom, pouco sol e nada de frio, mas sabíamos que isso ia mudar conforme o tempo passava. Ao voltar pela estrada de chão começa a trilha que segue primeiro para o morro do Careca, um morro com pouco mais de 1000 metros de altura que é a principal passagem para se chegar no então Cânion da Faxina. Decidimos que se ele conseguisse chegar até esse morro já seria uma grande vitória. Como a trilha é bem aberta e com poucas sombras, conforme íamos subido em direção ao morro, parávamos em sombras para ele descansar e pegar um folego. Mas percebia que ele estava realmente interessado em chegar no cume. Paramos numa última sombra e lá fizemos um lanche.
De longe avistamos uma multidão que
estava vindo em nossa direção. Como estávamos com criança, esperei a turma chegar
e passar a gente, para que depois prosseguimos. Assim que esse pessoal chegou,
logo começaram a incentiva-lo para ir mais longe, minha esposa estava até
preocupada se ele ia conseguir ou não e eu também, mas sempre incentivava e
mostrava que no final teria uma recompensa, uma bela vista e a sensação de
vitória. Continuamos nossa caminhada, o pessoal nos acompanhava e ele não
queria ser carregado, em alguns trechos eu até peguei ele no colo, mas não
queria. Depois de 1,5 km de caminhada chegamos no morro do Careca, não me
recordo quanto tempo levamos para chegar ao cume, mas acredito que não levou
uma hora e meia. Deixamos o pessoal seguir em frente e alguém disse pra ele que
no final tinha uma bela piscina natural. Isso foi muito bom, pois ele passou a se
interessar mais ainda para chegar no final. Perguntei se ele queria continuar e
sua resposta foi imediata: “sim!”. Prosseguimos.
Depois pegamos a esquerda e logo
chegamos num trecho um pouco mais chato pra ele, uma “escalaminhada” que pra
nós é bem tranquilo, mas pra ele pode ser desafiador. Aqui o ajudei bastante, chegando super bem no final da subida, pegava em raiz, subia
degrau, uma parte bem parecida com as subidas do Pico do Marumbi, mas bem
curta. Depois de uns 20 minutos chegamos no platô, paramos para umas fotos,
esperamos o pessoal seguir e continuamos, mais 10 minutos estávamos finalmente
no Cânion da Faxina. Como estava quente ele recebeu sua recompensa, um belo
banho de rio, com uma deliciosa piscina natural e alguns “panelões”. Deixei a
Antonia e ele curtindo aquele momento gostoso e fui dar uma rápida explorada,
achei um bom lugar para tirar fotos da cachoeira e voltei para ver ele no rio.
Estava empolgado e muito feliz, não vi no rosto dele em nenhum momento um
ar de cansado e nem arrependido. Tudo era festa, os peixes, o barulho da água e
o banho gelado. Depois de muitas fotos, trocamos a roupa molhada do Arthur e
umas 11h da manhã começamos a descer. Ele ainda estava feliz e nós, pais
orgulhosos, dissemos também que no final ele poderia ainda curtir a piscina que
tem no Recanto Cruzeta.
Antes de começarmos a descer, paramos
no platô e fizemos um lanche. A descida foi até mais tranquila, porém já dava
para perceber que ele estava bem cansado. Chegamos rapidamente no morro do
Careca, o sol naquele momento estava forte, procurava sombra e nada de
encontrar. A descida do morro foi bem chata, escorregava bastante. Chegamos
numa árvore onde tinha uma bela sombra, descansamos um pouco e resolvi colocar
ele no meu ombro. Minha esposa levou as mochilas e decidi sair daquele sol mais
rápido possível, com a ajuda do bastão desci rapidamente até o final da trilha.
Esperei minha esposa que estava ainda descendo e logo pegamos a estrada sentido
recanto. Chegamos, tiramos as últimas fotos, fizemos a dança da vitória e fomos
para o restaurante comer uma deliciosa isca de peixe e como prometido, Arthur
aproveitou o tempo que restava para se banhar na piscina.
Para mim foi um dia histórico, um dia
de grande desafio, nunca sabemos se eles vão conseguir ou não, mas mostrou que
sim. Nossas crianças têm muita força! Basta encorajamento e dizer que no final
tem sempre uma recompensa. E a recompensa não é um doce ou brinquedo, a
recompensa e a vitória é a bela vista e o amor por aquilo que fazemos.
Ver o Arthur em sua primeira trilha andando com tamanho prazer é algo que não vamos esquecer jamais!
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Voltando pra casa |
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Hora do lanche antes de descer |
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Cume do morro do Careca antes de descer |
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Já está bem cansado |
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