A montanhista Denise Ciunek, que estava desaparecida desde o último dia 19 de agosto, quando percorria o caminho do Itupava, na Serra do Mar do Paraná, foi encontrada com vida pelos bombeiros.
Texto de Vanessa Prateano, Gazeta do Povo.
Após 17 dias perdida na mata, Denise diz que nasceu de novo. Mulher desaparecida na Serra do Mar foi encontrada nesse domingo. Ela passou 10 dias bebendo apenas água. A montanhista diz ter se perdido após fugir de homem que tentou atacá-la.
“Na hora em que eu vi o pessoal do regate, senti que havia nascido de novo ”. Foi assim que a montanhista Denise Ciunek, de 38 anos, descreveu, já no hospital, o momento em que foi encontrada por equipes do Corpo de Bombeiros e montanhistas, após passar 17 dias na mata depois de se perder ao percorrer o Caminho de Itupava, na Serra do Mar. Bem humorada e tranquila, ela contou a jornalistas e à equipe médica do Hospital Nossa Senhora do Rocio, em Campo Largo, para onde foi levada, que após todo esse tempo, pensou em desistir justamente nesse domingo. “Até então o tempo estava bom, com sol, e isso me dava esperança. Mas hoje (domingo) eu olhei para o céu e vi que havia muitas nuvens, e que poderia chover. Nesse momento eu achei que não daria. Tinha medo de ter hipotermia e não resistir”.
No hospital Denise deu detalhes de como se perdeu. No dia 19 de agosto, ainda no início da trilha, foi abordada por um homem armado que a obrigou a caminhar para dentro da mata. Ciente de que seria abusada, Denise aproveitou-se de um descuido do agressor e o golpeou. “Quando ele largou a arma para se despir, eu contra ataquei e fugi”. O tempo entre a abordagem do homem e a fuga durou meia hora. Na fuga, ela conta que se afastou da trilha, o que fez com que se perdesse.
Para o médico Filipe Kwiatkowski, que atendeu Denise, a experiência foi essencial para mantê-la viva. Logo que percebeu que estava perdida, ela procurou se manter próximo a um curso d´água. Durante os sete primeiros dias, alimentou-se de barras de cereal trazidas na mochila. Quando o suprimento acabou, sobreviveu apenas de água. “Ela fez o correto. Ingerir liquido é essencial”, afirma o médico. Ainda nesse domingo, Denise foi encaminhada para a UTI com quadro de hipoglicemia e desnutrição, sem previsão de alta. “Ela está bem, ficará na UTI por precaução. Ela não pegou nenhuma infecção, não sofreu fraturas, apenas escoriações. Precisa se alimentar e descansar”.
Após o ocorrido, Denise afirma que não voltará a fazer o Caminho de Itupava. “Não vou parar com o montanhismo de jeito nenhum, mas esse trajeto eu não faço mais. É muito perigoso. Bandidos estão invadindo a trilha. O local é abandonado”, diz. Perguntada sobre os planos para o feriado, Denise diz que vai “dormir muito”. “Já liguei para o meu pai e disse que o amo muito. Agora vou descansar”.
Não fazer montanhismo sozinho e sempre comunicar a família. Essas são os dois principais conselhos dados por amigos de Denise Ciunek, bombeiros e voluntários que se envolveram no resgate.
No caso da montanhista, as duas recomendações não foram seguidas. Ela não avisou os parentes e sua falta só foi notada sete dias após o seu desaparecimento, por uma vizinha. “Uma vizinha dela me contatou pelo Facebook e pediu ajuda dizendo que ela não havia voltado para casa. Eu então comuniquei o pai dela e recomendei que fizéssemos um Boletim de Ocorrência . Só então os bombeiros foram acionados, no oitavo dia”, comenta o gerente do Parque Estadual Pico do Marumbi Lothário Horst Junior, conhecido como Kiko, amigo de Denise há 25 anos.
Pela possibilidade de se sofrer um acidente, um mal súbito ou ser atacado, Kiko comenta que praticar montanhismo sozinho é fortemente desaconselhado. “É preciso ressaltar: é um risco muito grande sair sozinho. O recomendado é que sempre se saia em grupos de três a quatro pessoas”.
O gerente do parque, que ajudou nas buscas, afirma que os montanhistas devem evitar caminhos alternativos e pouco seguros, e fazer o cadastro no escritório regional do IAP, no bairro da Borda do Campo, em São José dos Pinhais, antes de iniciar a trilha. Ali são registrados o nome e o telefone do montanhista e de um familiar, além do trajeto que deve ser seguido e o horário de retorno.
Na tarde desse domingo, por volta das 15h, uma equipe formada pelo 2.° Sub Grupamento de Bombeiro Independente (SGBI), de montanhistas e funcionários do IAP (Instituto Ambiental do Paraná) encontraram a montanhista num local próximo à estação ferroviária Véu da Noiva, em Morretes. Dali ela foi transportada até a estação ferroviária Engenheiro Lange, e então até Porto de Cima, de onde seguiu de helicóptero para Campo Largo. “O local onde ela se encontrava era de difícil acesso. A visibilidade é bem reduzida”, explica o comandante do SGBI, major Edemilson Barros.
O resgate envolveu mais de 60 homens do SGBI, do Grupo de Operações de Socorro Tático (Gost), e do Corpo de Socorro em Montanhas (Cosmo), além de voluntários e cães farejadores. De acordo com o comandante do Gost, major Samuel Prestes, as buscas pela montanhista iriam até no mínimo sexta-feira. ´Nesses casos, fazemos varredura no local durante 15 dias. Após esse tempo, interrompemos as buscas, e retomamos quando há alguma evidência. Esse é o procedimento. No caso dela, já havíamos feito até uma planilha com a escala de trabalho das equipes´.
Caminho do Itupava
A antiga trilha do Itupava foi por muitos séculos a principal ligação entre a planície litorânea e o alto planalto paranaense, vencendo rios encachoeirados, montanhas escarpadas e a mais densa floresta. Ainda hoje, é possível encontrar parte do calçamento original, que facilitava o escoamento e a chegada de mercadorias pelos portos do litoral paranaense.
Hoje, o Caminho é utlizado exclusivamente pelos amantes do trekking e turistas em geral, que percorrem seus 16 km em busca do contato com a natureza.
Fontes: Vanessa Prateano, Gazeta do Povo e www.itupava.altamontanha.com
“Na hora em que eu vi o pessoal do regate, senti que havia nascido de novo ”. Foi assim que a montanhista Denise Ciunek, de 38 anos, descreveu, já no hospital, o momento em que foi encontrada por equipes do Corpo de Bombeiros e montanhistas, após passar 17 dias na mata depois de se perder ao percorrer o Caminho de Itupava, na Serra do Mar. Bem humorada e tranquila, ela contou a jornalistas e à equipe médica do Hospital Nossa Senhora do Rocio, em Campo Largo, para onde foi levada, que após todo esse tempo, pensou em desistir justamente nesse domingo. “Até então o tempo estava bom, com sol, e isso me dava esperança. Mas hoje (domingo) eu olhei para o céu e vi que havia muitas nuvens, e que poderia chover. Nesse momento eu achei que não daria. Tinha medo de ter hipotermia e não resistir”.
No hospital Denise deu detalhes de como se perdeu. No dia 19 de agosto, ainda no início da trilha, foi abordada por um homem armado que a obrigou a caminhar para dentro da mata. Ciente de que seria abusada, Denise aproveitou-se de um descuido do agressor e o golpeou. “Quando ele largou a arma para se despir, eu contra ataquei e fugi”. O tempo entre a abordagem do homem e a fuga durou meia hora. Na fuga, ela conta que se afastou da trilha, o que fez com que se perdesse.
Para o médico Filipe Kwiatkowski, que atendeu Denise, a experiência foi essencial para mantê-la viva. Logo que percebeu que estava perdida, ela procurou se manter próximo a um curso d´água. Durante os sete primeiros dias, alimentou-se de barras de cereal trazidas na mochila. Quando o suprimento acabou, sobreviveu apenas de água. “Ela fez o correto. Ingerir liquido é essencial”, afirma o médico. Ainda nesse domingo, Denise foi encaminhada para a UTI com quadro de hipoglicemia e desnutrição, sem previsão de alta. “Ela está bem, ficará na UTI por precaução. Ela não pegou nenhuma infecção, não sofreu fraturas, apenas escoriações. Precisa se alimentar e descansar”.
Após o ocorrido, Denise afirma que não voltará a fazer o Caminho de Itupava. “Não vou parar com o montanhismo de jeito nenhum, mas esse trajeto eu não faço mais. É muito perigoso. Bandidos estão invadindo a trilha. O local é abandonado”, diz. Perguntada sobre os planos para o feriado, Denise diz que vai “dormir muito”. “Já liguei para o meu pai e disse que o amo muito. Agora vou descansar”.
Não fazer montanhismo sozinho e sempre comunicar a família. Essas são os dois principais conselhos dados por amigos de Denise Ciunek, bombeiros e voluntários que se envolveram no resgate.
No caso da montanhista, as duas recomendações não foram seguidas. Ela não avisou os parentes e sua falta só foi notada sete dias após o seu desaparecimento, por uma vizinha. “Uma vizinha dela me contatou pelo Facebook e pediu ajuda dizendo que ela não havia voltado para casa. Eu então comuniquei o pai dela e recomendei que fizéssemos um Boletim de Ocorrência . Só então os bombeiros foram acionados, no oitavo dia”, comenta o gerente do Parque Estadual Pico do Marumbi Lothário Horst Junior, conhecido como Kiko, amigo de Denise há 25 anos.
Pela possibilidade de se sofrer um acidente, um mal súbito ou ser atacado, Kiko comenta que praticar montanhismo sozinho é fortemente desaconselhado. “É preciso ressaltar: é um risco muito grande sair sozinho. O recomendado é que sempre se saia em grupos de três a quatro pessoas”.
O gerente do parque, que ajudou nas buscas, afirma que os montanhistas devem evitar caminhos alternativos e pouco seguros, e fazer o cadastro no escritório regional do IAP, no bairro da Borda do Campo, em São José dos Pinhais, antes de iniciar a trilha. Ali são registrados o nome e o telefone do montanhista e de um familiar, além do trajeto que deve ser seguido e o horário de retorno.
Na tarde desse domingo, por volta das 15h, uma equipe formada pelo 2.° Sub Grupamento de Bombeiro Independente (SGBI), de montanhistas e funcionários do IAP (Instituto Ambiental do Paraná) encontraram a montanhista num local próximo à estação ferroviária Véu da Noiva, em Morretes. Dali ela foi transportada até a estação ferroviária Engenheiro Lange, e então até Porto de Cima, de onde seguiu de helicóptero para Campo Largo. “O local onde ela se encontrava era de difícil acesso. A visibilidade é bem reduzida”, explica o comandante do SGBI, major Edemilson Barros.
O resgate envolveu mais de 60 homens do SGBI, do Grupo de Operações de Socorro Tático (Gost), e do Corpo de Socorro em Montanhas (Cosmo), além de voluntários e cães farejadores. De acordo com o comandante do Gost, major Samuel Prestes, as buscas pela montanhista iriam até no mínimo sexta-feira. ´Nesses casos, fazemos varredura no local durante 15 dias. Após esse tempo, interrompemos as buscas, e retomamos quando há alguma evidência. Esse é o procedimento. No caso dela, já havíamos feito até uma planilha com a escala de trabalho das equipes´.
Caminho do Itupava
A antiga trilha do Itupava foi por muitos séculos a principal ligação entre a planície litorânea e o alto planalto paranaense, vencendo rios encachoeirados, montanhas escarpadas e a mais densa floresta. Ainda hoje, é possível encontrar parte do calçamento original, que facilitava o escoamento e a chegada de mercadorias pelos portos do litoral paranaense.
Hoje, o Caminho é utlizado exclusivamente pelos amantes do trekking e turistas em geral, que percorrem seus 16 km em busca do contato com a natureza.
Fontes: Vanessa Prateano, Gazeta do Povo e www.itupava.altamontanha.com
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