Peter Kinloch, 28, estava realizando a escalada como parte de um desafio para arrecadar dinheiro para uma instituição de caridade que trabalha com pacientes com transtornos obsessivos compulsivos. Ele queria escalar sete dos maiores picos do mundo – o Everest havia sido o seu 5º.
Por volta da uma hora da tarde na terça-feira da semana passada, o britânico havia conquistado o pico do Everest a 8,8 mil metros de altitude e era descrito por colegas de aventura como "alegre, bem-humorado e empolgado".
Entretanto, poucos minutos depois, durante a descida em plena "zona da morte" do Everest, o escocês começou a dar sinais de desorientação e a perder o equilíbrio, até reconhecer que havia perdido totalmente a capacidade de enxergar.
"Peter não parecia surpreso com essa cegueira e explicou ao líder da equipe que isto já havia ocorrido antes, embora nunca em condições de montanha. Ele demonstrava perfeita coerência e calmamente explicou que a condição não era causada pela neve, já que ele não sentia dor e reconhecia a cegueira de um episódio anterior", escreveram seus colegas no blog onde a equipe registrava sua aventura.
Tragédia
A inesperada cegueira de Kinloch e a tragédia que se desenrolou a partir dela é contada com detalhes pelo grupo, em um relato publicado após a descida. Peter é descrito por eles como um jovem em boa forma física, que dizia alimentar o sonho de subir o Everest por 25 anos.
Entretanto, ele já começava a demonstrar sintomas de congelamento em dois dedos quando o grupo atingiu a chamada "rocha do cogumelo", a 8,6 mil metros de altitude, cinco horas depois de caminhar em meio a baixíssimas temperaturas e ventos fortes com a ajuda do líder do grupo, David O'Brien e de um carregador.
"Peter estava mentalmente coerente e capaz de reconhecer os sintomas através do tato. Sua cegueira parecia única e desconectada com qualquer outra doença", escreveram os colegas.
Outros dois carregadores foram enviados para ajudar os três que haviam ficado na rocha do cogumelo. Entretanto, após oito horas, tendo administrado drogas e oxigênio, eles ainda não haviam conseguido tirar Kinloch da "zona da morte".
"Tragicamente, eles foram finalmente forçados a descer", diz o relato.
"A equipe de resgate fez tudo em seu poder para ajudar Peter por cerca de 12 horas, até se aproximar perigosamente do ponto de eles mesmos precisar de ajuda eles e de não conseguir retornar."
"David e os três carregadores chegaram ao acampamento número 3 (a 8,3 mil metros de altitude) às 5h30 da manhã com hipotermia, exaustão e congelamentos leves."
Homenagens
O britânico é o 30º alpinista a morrer no Everest nos últimos cinco anos. Seu corpo pode nunca ser resgatado, devido às circunstâncias inóspitas da "zona da morte" do Everest, a mais de 8 mil metros.
Diversas homenagens foram dedicadas a ele na internet e em jornais na comunidade de Merseyside, no norte da Inglaterra, onde Kinloch trabalhava em funções civis para a polícia local.
Ele estava noivo, era doutor na área de informática e seria enviado para trabalhar na Bélgica nos próximos meses.
A ONG para a qual ele ajudava a arrecadar dinheiro, OCD Action, disse que Kinloch "morreu realizando um sonho".
Já a família disse se reconfortar com o fato de que ele morreu após "realizar a ambição de toda a vida"
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