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Montanhas do Paraná e do Brasil

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terça-feira, 29 de outubro de 2024

Travessia Reserva Lagamar - Por Vanderlei de Castro: Segundo Dia

 Segundo dia 10/10/2024 


Acordei às 05:40 da manhã. Nossa, dormi num sono só, que maravilha, deu para relaxar a musculatura. Pelo barulho no teto da barraca está garoando ainda, mas com ou sem garoa "bora" prepara o café preferido e arrumar tudo para partir. Meu café da manhã foi pão com salame e café puro, delícia. As 06:20 já estava justando minhas coisas, pois com chuva deveria tomar muito cuidado para não molhar. Então guardei tudo na mochila o que estava na barraca e o negócio foi sair para fora e desarmar a mesma, a primeira parte estava encharcado, mas a segunda só umedeceu um pouco. Traíras arrumadas, eu com capa de chuva e "bora" caminhar, o objetivo do dia é 45 km para assim chegar a tempo em Cananéia para o Fandango. 







A chuva judiou o dia todo, mas o que me alegrava era ver os pescadores que mesmo assim estavam na labuta do dia a dia. Conversei com seu João, pescador, quase não me deixava falar he,he,he. Ele disse que a rede dele pesava mais que minha mochila e ria. Me despedi dele e continuo a caminhar. Mas não consegui meu objetivo dos 45km andados, foram somente 36 km, mas estava bom já. A dor nos pés e nos ombros era grande. Então neste segundo dia passei pelas praias: do Araçá, Mar azul, do Encanto, das Garças, de Maratayama, das Janaína, das Samambaias, de Varegio, do Castelo, da Ponta Grossa e cheguei na praia de Ubatuba, ali encontrei atrás de umas dunas uns pinos e ali me alojei. Armei a barraca, fiz rapidinho minha comida e já fui dormir, pois estava muito cansado. E no dia seguinte teria que caminhar muito mais para alcançar meu objetivo. 

Agradeci a Deus pelo dia e adormeci.

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Travessia Reserva Lagamar - Por Vanderlei de Castro: Primeiro Dia


Primeiro dia

Acordei às 06:20 da manhã do dia 09/10/2024.  Para começar, desço até a cozinha do hostel, esquentei a água do chimarrão para fazer o desjejum, dona Vera logo chegou na cozinha e começou a preparar o café enquanto eu tomava chimarrão, conversamos sobre vários assuntos recorrentes a cidade de Iguape. As 07:40 sai pra rua e comecei meu tour. Primeiro fui na Fonte do Bom Jesus de Iguape, lugar lindo e harmonioso e então subi a trilha até a pedra Liga, levei uns 30 minutos de subida até o mirante que tem uma visão espetacular de lá. Retornando peguei numa altura a esquerda uma segunda trilha que me levou ao Mirante do Cristo onde também tem uma linda visão da cidade de Iguape. Chegando ali encontrei um senhor ajoelhado aos pés do Cristo com as mãos elevadas e numa dela segurando uma imagem de Nossa Senhora Aparecida. Respeitei o momento do mesmo e me mantenho em silêncio, o senhor que estava rezando era seu Júlio, que estava acompanhado do seu filho, que é bombeiro de Iguape e Ilha Comprida.  Então, seu Júlio foi um maratonista de corridas de rua por muitos anos, viajou o mundo participando e hoje ele está lutando e correndo contra o tempo, pois está com Alzheimer. Porém a fé e positividade deste senhor é inimaginável, somente ele sabe o que está passando, mas está fazendo de tudo para aproveitar a vida até onde tiver consciência. Me incentivou muito sobre a travessia que estava fazendo e pediu para nunca desistir de si mesmo, aquilo me esmoreceu, puts. Falou que rezaria todos os dias para Nossa Senhora Aparecida me iluminasse e me guardasse. Minha vontade era de ficar ouvindo suas histórias, seus feitos, mas tinha que partir, seguir meu roteiro. 


Inicio Trilha Pedra da Liga

Mirante Pedra da Liga

Me despedi dos dois e desci as escadarias do mirante até chegar na cidade novamente. Confesso, chorei ao descer as escadas, pelos exemplo de vida do seu Júlio e eu cheio de falhas e dúvidas sobre a vida! Dali fui para a Casa Cultural de Fandango de Iguape que foi inaugurado a pouco tempo.  O Fandango é uma parte muito importante da vida social das comunidades caiçaras no litoral de São Paulo e do Paraná. Está expressão cultural envolve música tocada com violas, rebecas e adubos, danças, sapateado e improviso de versos. Mas na casa do Fandango encontrei seu Nelson que é um dos zeladores da casa, me apresentou todo o museu e contou que Iguape foi onde o Fandango começou. Me convidou para tomar um café caboclo que está disponível sempre no fogão a lenha. No local dão aulas também de fabricação dos instrumentos de Fandango. Seu Nelson depois de saber o que eu iria fazer, me convidou para participar no sábado seguinte 12/10/2024 da apresentação de Fandango em Cananéia e ele estaria por lá com o grupo de Iguape. Hehehe, aceitei na hora, mas depois tive que agilizar meu tempo para que conseguisse chegar a tempo em Cananéia para o Fandango. Me despedi do seu Nelson e fui para o Museu Cultural de Iguape, que fica ao lado da Basílica na praça principal na rua das Neves. Seu Ditinho, um senhor já de idade avançada me acolheu na entrada e já foi falando comigo como se me conhece há tempos. Me mostrou o pequeno museu que tem sua apresentação histórica muito intensa naquele casarão, sem contar que segundo seu Ditinho ali foi no passado áureo do Brasil colônia, a primeira fábrica de fundição de ouro, pois os aventureiros estrangeiros subiam o rio Ribeira atrás do metal preciso e valioso e fundiram para assim melhor transportar o mesmo. Me despedi de seu Ditinho e me bandei para o hostel, pegar minha mochila cargueira para seguir caminho. 
















As 11:00 horas estava já me despedindo da dona Vera, dona do hostel que com sua simplicidade fez questão de me acompanhar até a porta de saída para rua, pedindo para que voltasse outras vezes. Então segui a caminho para a Ilha Comprida, que condiz com seu nome, são 74 km de praia ininterruptas. Passei a ponte que liga Iguape com a Ilha Comprida e cheguei no centro de informações turísticas que fica junto com a rodoviária, procurei um mapa de toda a Ilha e algumas informações relacionada a minha travessia e em seguida rumei para meu objetivo, o norte da ilha, pois tinha que chegar até a Barra da Icapara que é o encontro entre Mar Pequeno e mar aberto, extremo Norte da ilha. Antes passei num mercado, comprei duas garrafas de água de 1,5L e tomates para comer, pensa numa delícia quando se está com fome e você tem tomates puro para comer, hehehe... 







As 13:00 horas estava na praia caminhando, “bora” lá que tem chão, até o extremo são 16 km. Na metade da tarde começou uma garoa fininha e foi aumentando, então saquei do meu kit chuva, isolei minha cargueira, vesti minha amarelinha e vamos que vamos. Caminhar com chuva na praia é difícil, pesa muito. As 17:36 cheguei ao extremo Norte da ilha. Já fui procurar um ponto bom para acampar, pois o mar estava agitado e ondas grandes avançavam sobre a praia, então me retirei o máximo que pude por segurança. Barraca armada, já me recolhi para dentro de meu quarto exclusivo no hotel de luxo no meio do nada na Ilha Comprida ao som estrondoso das ondas arrebentando na praia, que maravilha. Tirei minha roupa molhada e já fui fazer meu primeiro rango da travessia. Prato especial da casa sopa rápida com farinha de feijão branco, farinha de arroz, farinha de gérmen de trigo e picadinho de salame italiano, que delícia, o dia todo sem comer algo que sustentasse, aquilo foi a refeição dos deuses. As 19 horas já tudo pronto, por incrível que pareça já estava aninhado no meu saco de dormir, pois o dia foi cansativo, no total andado do dia foram 32 km, isso que boa parte disso foi sem o peso da minha cargueira que está com 17 kg. Mas em fim, estou carregando minha casa, meu conforto tudo ali para minha façanha de nove dias de travessia. O sono não demorou a chegar, pois só embalo da chuva e o barulho das ondas, Vanderlei foi adormecendo. 



Deus muito obrigado. Se você estará, eu estarei sempre...

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Travessia Reserva Lagamar - Por Vanderlei de Castro: OS PREPARATIVOS

"Se você estará, eu estarei sempre" - Vanderlei de Castro



















           


Me chamo Vanderlei de Castro tenho 46 anos, nasci na cidade de Capanema PR no dia 11/12/1977. Filho de Valdemar de Castro e Otília Teodora de Castro. Tenho dois irmãos: Nair e Valdecir. E tenho uma filha linda e maravilhosa que amo de paixão, minha bebê Bárbara. Como profissão trabalho na área da segurança patrimonial.






Não gosto de me denominar montanhista, mas sou um apreciador ferrenho de trekking. Pois desde 94 que faço trilhas de montanha. Já tive algumas experiências também fora do Brasil, na Itália região do Monte Sibillini, Trentino e também as montanhas da Áustria ali próximo a Trentino. E também na divisa de Aosta, e na França. Mas a grande maioria das trilhas feitas até então são aqui no Brasil.

Minha montanha preferida é o Conjunto Marumbi, pois costumo dizer que aquele lugar tem vida própria. De trekking longo a seis anos atrás fiz a travessia da praia mais longa do mundo em extensão a Praia do Cassino, uma bela experiência e um lugar incrível.


 

 



Travessia da Reserva Lagamar

A alguns anos atrás acabei ouvindo sobre a tal Travessia Lagamar, fui atrás de informações e percebi que Lagamar era muito mais do que só a travessia tradicional em si, pois começam a travessia em Cananéia, ilha do Cardoso, Superagui e saem em Paranaguá. Porém a reserva Lagamar abrange bem mais e assim nasceu a chama do novo desafio, uma chama que nem sabia por onde começar, mas que de uma forma ou de outra faria. Então, um tempo depois meu nobre amigo Reginaldo Mendes postou alguma coisa relacionado a travessia e então resolvi conversar com ele e ele só fez aumentar ainda mais minha chama para o desafio único. E lá foi eu dando uma parada em tudo sobre a reserva Lagamar. E vendo que a reserva começa no continente, na cidade de Iguape SP, abrange Ilha Comprida, ilha de Cananéia, ilha do Bom Abrigo, ilha do Cardoso, ilha de Superagui, ilha das Peças e também ilha do Mel. Puts, a adrenalina subiu, explodiu aquela chama do desafio e bora concretizar a mesma. Não sabendo quantos km daria de caminhada, mas já tinha em mente ao menos 12 dias para segurança.




Tentei fazer em Dezembro de 2023, mas acabei desistindo por causa de problemas nos joelhos. Mas 2024 não ficaria de fora e tirei férias em Outubro, planejei todos os equipamentos que iria levar entre roupas e alimentação. Tudo certo, material conferido, então lá vamos nós... No dia 08/10/2024 às 11:40 da manhã embarco no ônibus da Princesa dos Campos rumo a cidade de Registro e de lá pegaria outro ônibus até Iguape, onde já no dia seguinte começaria minha Travessia da Reserva Lagamar. Cheguei em Registro as 15 horas e já fui comprar passagem para Iguape pela empresa Valle Sul, que tinha para as 16 horas. Coração a mil, pois logo estaria na cidade encantadora de Iguape. Às 17:50 já estávamos chegando na cidade. E logo percebi o grande rio Ribeira com sua extensão infinita de águas que banham aquela planície. Então vejo uma ponte tipo passarela que dá acesso ao outro lado do rio, o ônibus parou num ponto próximo para desembarcar algumas pessoas, e eu num impulso também desembarquei! E foi a decisão certa, embiquei na passarela e fui dividindo espaço com transeuntes dos dois lados e uma tramoia de bicicletas, mas todos se respeitando e eu o alvo de todos ali, pois olhavam para mim com aquele olhar questionador, “quem é esse cara com roupas coloridas e uma mochila dessa....”risos, eu pensando comigo mesmo: " nem liguem, sou louco mesmo"



rio Ribeira



Ao passar do outro lado do rio peguei o sol se pondo e refletindo seus raios sobre o rio, que espetáculo. Mas eu tinha que acelerar para o centro histórico da cidade onde tinha visto sobre um hostel e fui perguntando para as pessoas a direção da Basílica e santuário do Bom Jesus de Iguape e quando percebi já estava lá. Aí perguntei sobre hostel, mas um senhor não sabia o que era, expliquei a ele e então me falou, “segue a rua e vai ver plaquinhas de aluga se quartos”. Quase no final da rua das Neves encontrei uma indicação de quartos para alugar, bati na porta e logo apareceu uma mocinha que me atendeu sorridente. Perguntei se tinha quartos e ela já foi falando que sim e convidando para entrar, achei até estranho, nem me questionou muito, mas depois percebi que o pessoal são muito gente boa e não tem a maldade das cidades grandes, confiam muito mais. Então me alojei no quarto que tinha uma cama de casal e uma beliche. E logo saí, pois queria ir até a Basílica agradecer e pedir a proteção do Bom Jesus de Iguape (Basílica muito linda por dentro) e também queria passar na panificadora para comprar uns pães para meu jantar a base de sanduiche de pão e salame. Voltando ao hostel tomei aquele banho e “bora” dormir, pois no dia seguinte a expedição começaria oficialmente.



Museu Iguape


Centro Histórico de Iguape








Igreja de São Benedito



Basílica e Santuário do Bom Jesus de Iguape

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