Como definir a alegria de um pai ao ver seu filho seguindo
seus passos? Acredito que a resposta seria, “meu filho aprendeu muita coisa
comigo quando criança e hoje é o que é por causa dos meus ensinamentos”. Eu
lembro quando o Vinicius que hoje tem 16 anos foi algumas vezes comigo para
trilha e até acampamento, Anhangava, Canal e Marumbi. Foram momentos maravilhosos que eu nunca vou
esquecer. E hoje nosso pequeno Arthur
Nicolas, experimentou essa sensação de fazer uma trilha, é claro que ele não
vai lembrar desse dia, mas o que importa é a alegria dos pais, e claro,
preservando sempre a segurança dele.
Arthur com 7 meses e 20 dias de idade e já tínhamos uma
dúvida: “leva-lo para a sua primeira trilha ou não?”. Sei que muitas coisas
podem acontecer no caminho, escorregar com ele, mosquitos, chuva e até o frio.
Mas a ansiedade era tão grande em leva-lo e inaugurar a mochila bebê que não nos
aguentamos e aproveitamos o domingo de carnaval e, de quebra, comemorar mais um
ano de casados. E o mais legal disso tudo seria comemorar essa data em uma
trilha com ele.
Escolhemos o morro dos Perdidos por ser mais fácil e porque,
caso ele começasse a se sentir mal, poderíamos voltar rapidamente. Mas por
causa do tempo decidimos fazer apenas a cachoeira do Morro dos Perdidos que
fica a uns 3 km do seu cume.
Eu, minha esposa e nosso toquinho chegamos na fazenda dos
perdidos umas 9:00 da manhã, e estava chovendo forte. Até pensamos em desistir da
ideia! Ficamos dentro do carro esperando para ver se o tempo ia ou não
melhorar, pois antes de chegarmos lá, a chuva caia e parava constantemente.
Foram uns 20 minutos na indecisão, olhávamos para ele quietinho no canto do
carro, parecia que estava torcendo para que o tempo melhorasse mesmo. Depois desse
tempo esperando, a chuva finalmente deu uma trégua. Então, perguntei para o
senhor Osmarildo, proprietário da fazenda, e ele me informou que a chuva não
era constate.
Então, pegamos a mochila do bebê e nos preparamos para
começar a subida. Deixamos o carro na parte baixa da fazenda para não ter
problema com a estrada, pois é toda de terra e tem boas chances de problemas
morro a cima. A chuva ameaçava cair, por isso fizemos uma “gambiarra” com o
guarda-chuva prendendo na mochila dele que deu certo, conseguindo assim
protege-lo tanto do mormaço forte que estava fazendo, quanto da leve chuvinha
que queria cair.
Percebi que o Arthur estava se divertido, nada o assustava,
algumas pessoas passávamos por nós de carro e achava aquilo incrível! E eu,
claro, me achando o super pai!
Minha esposa estava há muito tempo sem fazer trilha e,
seguindo orientação médica, nos acompanhava com cautela para evitar problema
com o joelho ou coluna. Depois de 1 hora subida acima pela estrada chegamos no
início da trilha que vai para a cachoeira. Da estradinha até a cachoeira dos
perdidos da mais ou menos uns 15 minutos de trilha. Arthur se segurava firme
enquanto descia a trilha, usando um bastão de caminhada para evitar escorregões
percebi ali que ele estava bem e feliz. Esticava o braço para alcançar algumas
folhas. Antonia ia logo atrás tanto fazendo alguns filmes e fotos quanto cuidando
para que ele não fosse atrapalhando por raízes, galhos e ramos pela trilha.
Descendo com cautela, logo chegamos na cachoeira do
Perdidos, já tinha um pessoal voltando da trilha e outros apreciando a
cachoeira. Ficamos um bom tempo admirando aquele lugar e feliz por nosso
pequeno ter aguentando sem reclamar em nenhum momento. Fizemos um lanche, ele
ganhou seu “mamazinho” da mamãe, tiramos mais algumas fotos e logo decidimos
que era hora de voltar.
Começamos nosso retorno já era umas 11h da manhã, a trilha
estava bem lisa, mas tinha o apoio do bastão e minha bota, escorregar ali era
fator totalmente fora de cogitação. Na subida encontramos mais algumas pessoas
que estavam indo para a cachoeira. Tinha gente até com caixa de cerveja na mão!
Espero que usem a consciência ecológica e não deixem nada de lixo lá.
Na subida o Arthur não parava de “cantar”. Estava tão feliz
com aquele momento, que nos fez pensar como é bom ver nosso filho assim tão
tranquilo e sem reclamar. Ele se aquietou, quando chegamos no final da trilha
da cachoeira, antes da estradinha, ele tinha dormido. Como ele ainda não tem
muita firmeza no pescoço, decidimos tirar ele dá cadeirinha e descer a estrada
com eles nos braços. O sol começava a aparecer, e com o guarda-chuva o
protegemos do forte sol.
A decida foi mais rápida em menos de 40 minutos já estávamos
na fazenda. Deixei o Arthur com minha esposa faltando uns 300 metros para
chegar o mais rápido no carro e deixei nossas mochilas, logo voltei para ajudá-la
a carregar o Arthur. O carro estava um forno, deixei-o aberto para ventilar
enquanto nos arrumávamos para voltar para casa. Nesse momento Arthur acordou, demos aquele
banho de água de torneira nele para refrescar um pouco, e ele não reclamou de
nada! Comeu umas frutinhas que a mãe dele levou e mais um “mamazinho” e logo
saímos da fazenda.
Para finalizar aquele lindo dia, fomos para o caminho do
vinho na colônia Muricy. Na br 376, bem no horizonte já anunciava uma forte
chuva a caminho e assim que chegamos na colônia a chuva veio com força.
Almoçamos no restaurante do Vô Vito, comprei um vinho, curtimos o local e
depois de “turistarmos” na colônia Muricy voltamos pra casa felizes e
realizados.
Arthur me deixou orgulhoso, aguentou a trilha na cadeirinha
sem reclamar, vi em seus olhos a alegria de uma criança, embora ainda não
entenda nada e nem vai lembrar desse dia, nos deixou com a saudade imensa de
voltar a fazer uma trilha com ele o mais breve possível. É tão bom quando
olhamos para os nossos filhos e vemos neles a felicidade de acompanhar seus
pais por onde eles forem!
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