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Montanhas do Paraná e do Brasil

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terça-feira, 18 de julho de 2017

Torre da Prata a montanha que desafia - 16/07/2017


Chegar ao cume de uma Montanha como a Torre da Prata é muito gratificante, mas dividir essa conquista com ótimos companheiros de trilha, não tem preço !!!
Rogério Luiz Pulowsky

Inicie minha vida de montanhas e trilha em 1991, minha primeira trilha foi a Itupava como muitos começaram aqui no Paraná, sempre fui apaixonado por montanhas. Lembro que na minha infância, não podia ver uma montanha que já ficava me imaginando lá em cima. Pensava percorrer todas as montanhas em um dia como se fosse uma estrada reta. Minha primeira montanha foi o Abrolhos e depois comecei a conhecer vários outras como as montanhas restantes do Pico do Marumbi, serra do Ibitiraquire entre outras. Em 2002 ouvi falar pela primeira vez a Serra da Prata com sua montanha Torre da Prata a mais alta da região. 

Localizada no município de Morretes, no Paraná, com aproximadamente 1497 metros, Torre da Prata é uma das as montanhas mais difíceis de alcançar, uma vez que para chegar até ela é necessária atravessar três biomas distintos: mata atlântica, planície litorânea e campos de altitude. Embora seu nome tenha referência a um metal preciso, pouco se sabe sua origem, mas já se pode afirmar que os antigos ao avistar a luz do sol ao bater nas encostas da serra em uma determinada época, minava um brilho muito parecido com a prata. Existe relatos de que alguns garimpeiros já chegaram a explorar o local em busca dessa preciosidade, mas em vão. Inserido no Parque Nacional de Saint-Hilaire Lange essa montanha tem fama de desafiadora, sua trilha se inicia aproximadamente a 84 metros a nível do mar. 



26 anos de espera.

A muito tempo venho procurando uma forma de subir essa montanha, já tive várias oportunidades mas sempre em vão. Passei acreditar que ia envelhecer e jamais ia conhece-la. Muitos relatos sempre me informavam, trilha difícil pois existe muitas bifurcações, subida bastante íngreme e muito tempo para se chegar ao cume. Não que eu temia, mas tenho que respeitar a natureza e saber o momento certo para se chegar em seu cume. Foram muitos anos de espera, sempre assistindo algumas subidas de montanhistas e alguns até com pouca experiência chegando na sua altitude. Mas precisava ser humilde e ter a certeza que uma hora ou outras estaria na trilha pronto para o desafio. Poucos montanhistas há conhece, embora a trilha esteja bem batida que significa que está sendo bem visitada. E o acesso a essa montanha teria que ser num momento muito especial da minha vida, que seria dentro do ano do nascimento do meu filho Arthur na qual dediquei essa trilha. Desde 2015 comecei novas amizade dentro do círculo que é o montanhismo e com certeza atrás disso iria muito mais longe. 

Início da trilha

Chácara de apoio sr Josias
Então chegou o momento, combinei com alguns amigos meus, Perla, Rogério, Viviane, o casal Edi e a Micheli e o Fernando que nos guiou com segurança até o cume. Acertamos de sair bem cedo para podemos começar a trilha entre 7:00 e 7:30. Assim evitaria de voltamos a noite. Deixamos o carro na chácara do senhor Josias, caseiro antigo da região e começamos exatamente 7:00 da manhã. No início um pequeno rio para se passar, nada muito difícil, evitamos molhas as botas para não subir com o pé molhado que não é o ideal. No começo a trilha até lhe engana um pouco, a impressão que dá que ela segue no formato de poucas subidas e quase nada de raiz, mas logo vai mostrando sua cara verdadeira e o porquê muitos desistem. Começamos a avistar algumas árvores diferentes do normal. Muitas árvores gigantescas e outras abraçando, como um grande abraço, porém algumas morrem com esse forte abraço sendo engolida aos poucos, é a lei da natureza. Fernando a chama de abraço da morte.
Casal Mil

É só o começo


Abraço da morte






Em uma hora de caminhada chegamos no primeiro ponto de água, em toda trilha existe apenas dois trechos, sendo que a última uns 30 minutos antes de chegar ao seu cume, mas em época de seca forte não é uma boa ideia confiar, pois a chance de seca é muito grande. Fizemos um rápido lanche abastecemos de água e continuamos a trilha que segue a sua direita (não se atravessa esse rio). Seguimos trilha a cima logo ela começa a aumentar o seu desnível. As pernas já começam a sentir a dificuldade, pois é o tempo todo subindo, sem descaço. A trilha é de mata fechada impossível de ver o que está ao seu lado e a cima de você. Só depois de uma hora e quarenta de subida que começa a ser avistar algo, mas mesmo assim a mata atrapalha um pouco. E alguns trechos é possível avistar vários desmoronamentos de terra que ocorreu em 2011, a trilha está muito próximo a alguns abismos pronto para ser engolidas. 

Continuamos nossa caminhada montanhas a cima, sem dó ou piedade cada passo uma vitória, Fernando, Rogério, Viviane e o casal, já estava bem a frente enquanto eu e Perla andávamos no nosso ritmo, embora a academia ter meu ajudado bastante, as pernas queimava a cada passo. Não parávamos muito, apenas andávamos mais devagar para garantir o máximo de energia. A média de se chegar a essa montanha com mochila de ataque é entre 5:20 de caminhada, então pelo menos teríamos que chegar próximo a essa média. 

A subida continuava cada vez mais pesada, as pernas já não obedeciam, mas em hipótese alguma entrava em nossa cabeça a vontade de desistir, até porque o objetivo é chegar até o final. Depois de 3:30 de caminhada chegamos finalmente na famosa Pedra do Altar, uma pequena formação rochosa que nos faz se sentir pequenos. Local ideal para aquela foto de montanha e ícone da Torre da Prata. Paramos para fazer um lanche rápido descansar e seguimos, agora já estávamos nas altitudes da montanha, com um visual magnifico a densa mata fechada agora ia ficando para trás. Começava ali uma nova vegetação mais rasteiras com arbustos que chegava até o ombro, encostas escorregadias e forte presença de lama. 

Viviane na Pedra do Altar


Perla em seu momento

Já é possível avistar o imponente Torre da Prata e do seu lado o chamado Pedra do Ninho, de pouco acesso que fica ao lado do cume. Começamos a descer a encosta da montanha auxiliar, com uma vegetação baixa e muita lama, qualquer passo em falso é motivo para escorregões, existe um trecho que só é possível descer com um auxílio de corda, na qual até tem uma para ajudar. Depois dessa corda existe a última parada para pegar água, o ideal é não confiar muito nessa água e economizar, ao avistar a água ai sim pode ficar tranquilo e encher seu cantil na volta se quiser. Depois da pedra do altar o tempo para se chegar até o cume é de aproximadamente 1:30 de caminhada. Continuamos pela crista da montanha e aos poucos a grande pedra ia se aproximando. Aceleramos mais os passos e começamos a contornar a pedra do Ninho, logo já estávamos do outro lado e já era possível avistar a subida para a Torre da Prata, no caminho existe um pequeno trecho de escalaminhada e no final da montanha uma pequena escada encravada na pedra que dá acesso ao cume da montanha. Chegamos na montanha exatamente ao 12:00, depois de 5:10 horas de longa e difícil caminhada. Todos estavam fortes e resistentes, ventava forte na montanha isso ajudou muito a espantar as moscas. No seu cume é possível avistar tudo em sua volta, a serra do Marumbi, Farinha seca, a serra do Ibitiraquire, Ilha do Mel e toda o litoral do Paraná e uma pequena parte do litoral de Santa Catarina é possível avistar a serra da Papanduva em Tijucas do Sul somente não consegui conhecer o Araçatuba e o Morro dos Perdidos. 
Torre da Prata e Pedra do Ninho a direita 

Trecho bem complicado com muita lama e uma corda para ajudar

Torre da prata a esquerda e Pedra do Ninho a direita




Finalmente Torre da Prata, direita Pedra do Ninho 

Pedra do Ninho

Entre os dois picos

Ficamos lá até as 13:00, uma vista linda com uma ótima temperatura, não estava muito frio e nem muito quente. Observando o quanto existe montanhas a ser exploradas ainda, e cada lugar misterioso em nossa volta e como nosso mundo é imenso. De longe até parece que o litoral é curta, mas não é bem assim. Olhávamos as aves voando próximo a nós com toda aquela tranquilidade e liberdade. A paz e a tranquilidade que a montanha nos proporciona, e como é bom encontramos essa paz. Talvez muito falam o quanto louco somos de andar horas e horas para se chegar em algum lugar, mas é somente nós loucos sabemos o quanto é maravilhoso estamos lá em cima. É do alto da montanha que avistamos a grandeza de Deus. E como é lindo e valoroso a nossa vida.





Rogério e ao fundo a Pedra do Ninho

Viviane em seu momento único 




Perla e ao fundo litoral do Paraná é possível avistar a ilha do Mel

Paranaguá


Litoral do Paraná


Fernando e o Litoral ao fundo

Aqui é possível avistar o Pico do Marumbi e a
serra da Farinha Seca como Pico 7 e Mãe Catira



Depois de lancharmos, tiramos várias fotos e apreciar o momento único de cada um, começamos nossa decida. Em pouco menos de uma hora já estávamos novamente na pedra do Altar. E através de raízes e troncos fomos descendo com segurança. O joelho já começava a reclamar, eu mesmo descia com cuidado para evitar qualquer dano. Percebi que a minha bota que já é bem surrada, já estava abrindo o bico. Minha preocupação agora era com ela. Evitando ao máximo arrasta-la no chão, comecei a reduzir minha velocidade de descida. Até um momento que ela não aguentou e já não era possível descer de qualquer jeito. Agora era pedir ajuda para a Perla que tinha aquela fita silver tape, ideal para esses casos. O problema que ela já estava bem a frente. A sorte foi encontrar o Fernando que anda bem, assim ele foi a frente até alcançar a Perla e pegar sua fita. Depois foi voltar ao nosso encontro para consertar o que estava precisando. Sapato consertado agora é apertar o passo e ganhar o tempo perdido na descida. Na volta é preciso ter bastante cuidado, pois existe algumas bifurcações, mas a trilha toda é fitada só é bom prestar bastante atenção nelas e em alguns trechos para não se perder. Depois de três horas de caminha chegamos finalmente no segundo rio, dali agora era mais 40 minutos e finalizar a trilha. Depois de 3:45 minutos de descida finalmente chegamos no início da trilha. 

Uma montanha fascinante, linda e desafiadora que precisa de todo respeito. É uma montanha que requer muito preparo físico e uma boa experiência em trilha, cabeça feita e muita força de vontade. Desistir jamais, pois cada passo que se dá é um passo para a vitória, e através desses passos que aprendemos a aceitar o desafio e saber lidar com ele. 
Obrigado a essa grande equipe que fez desse trekking ser maravilhoso, equipe forte e unida.

Montanhistas:

Fernando Ferreira
Perla Steil
Rogério Luiz Pulowsky
Micheli Schmidt Linhares
Edson Rodrigues
Viviane Kanuta
Reginaldo Mendes