Anderson Luiz da Paz é um montanhista paranaense, e no dia
24/05/2017 vai completar o seu segundo ano de montanha. Mesmo com pouco tempo de prática, já tem em sua mochila muitas
histórias, trilhas e travessias para contar.
E embora não participe de nenhum grupo de montanha famoso,
como a AMC e o CPM, conhece vários membros desses grupos.
No mundo do montanhismo, Ander Paz, é respeitado por muitos
pelas várias montanhas do nosso Paraná que já realizou como; Tupipia, Tangará,
Ferraria, Torre da Prata, Camelos, Agudos, Sacizinho, Baleia, Mesa, Polegar
etc... Além de grandes travessias como: Bolinha x Marco 22, Araçatuba x Crista,
Serra dos Órgãos, Lagamar...
"Sempre realizo trilhas com amigos em busca de contemplar a natureza, aprender mais com ela e conhecer cada dia mais montanhas, sem contar a quantidade de amigos que fazemos... tbm gosto de outras trilhas como cachoeiras, canyons, etc.. mas montanha é amor rs já fiz várias montanhas de nossa serra." Ander Paz
Travessia Alfa Ômega
Da esquerda para direita: Sandro Godoy, Percio Fernando, Fernanda Lopes, Jorge Henrique, Wanele Ricetto e Ander Paz. |
Texto: Ander Paz
Iniciamos o
primeiro dia às 3h da manhã, nos encontrando na base do canal em Piraquara, Eu
- Ander Paz, Wanele Riccetto, Fernanda Lopes, Percio Fernando, Jorge Henrique e
o Sandro Godoy. Agradecimento em especial aos amigos Leandro Casturino e
Juliane Melo, pela logística em um horário não favorável. Depois de
uma meia hora de papo e com a frase principal em nossas cabeças, que não
poderíamos errar muito o trajeto, tendo em vista que nenhum de nós conhecia a
travessia, logo ajustamos os equipamentos e demos início à empreitada seguindo
em direção a Torre Amarela. Sem muita demora pegamos a bifurcação para o Vigia
e logo estávamos no Ferradura. Neste cume tivemos a certeza que o tempo estava
maravilhoso, mas não tínhamos a dimensão da tamanha surpresa que a natureza nos
reservaria nessa travessia.
Chegamos às 6h no cume do Carvalho com os
primeiros raios de sol e conseguimos a primeira contemplação, sem ter em mente
que cada vista seria ainda mais espetacular, um baita sol estrelado em nossos
olhos. Com energia ainda mais recarregada, partimos sentido ao Sem Nome, onde
sem parar logo passamos e partimos para o Mesa. Até então sem nenhum problema
de navegação e muita conversa, risadas, com alguns tropiques e escorregões, chegamos
ao Mesa as 9:15h.
Depois de algumas fotos, contemplações e um
rápido lanchinho partimos sentido às Alvoradas, trajeto esse que tínhamos em
mente que seria um pouco mais complicado. Mas, com atenção redobrada e um
grande trabalho em conjunto, vencemos os vales e chegamos ao Alvorada 4, onde
tivemos o nosso primeiro descanso merecido de alguns minutos. Pulmão em
seu lugar, logo iniciamos a empreitada para o Alvorada 3, nesse momento já
colecionávamos muitos detalhes e risadas, que não consigo nem dimensionar,
lugares com vistas especiais e um cheiro de mata virgem que não tem preço.
Nesse trajeto tivemos alguns pontos mais complicados, onde nos dividimos para
localizar a picada correta e, obtendo a direção do GPS, logo o achávamos com um
belo trabalho em equipe.
Um pouco
depois das 13h chegamos ao destino e ficamos ali, mais uma vez contemplando e
localizando cada montanha que podíamos, sabendo que estávamos bem adiantado do
que pretendíamos. Em seguida descemos o vale para
o Alvorada 2, local que decidimos acampar mesmo sendo um pouco cedo e logo
estávamos com as barracas montadas com um baita café para comemorar um primeiro
dia bem-sucedido, um final de tarde espetacular e uma janta com um belo
macarrão, posta branca levada pronta e batata palha. Logo em seguida sem muita
demora já escutávamos os roncos dos amigos, rsrs.
Segundo dia depois de uma noite tranquila e um
nascer espetacular, tomamos aquele café com direito a ovo, calabresa e as 8h
demos início a nossa caminhada sabendo que nesse percurso do Alvorada 2 até a
base do Espinhento seria talvez o mais difícil de navegar, suspeita essa
confirmada quando chegamos no vale e entramos muitos perdidos, árvores caídas e
gretas imensas com um terreno fofo. Mesmo com as adversidades logo achávamos a
picada e seguíamos adiante, muito sobe e desce pelos vales, alguns cortes,
espinhos, escorregões, apanhando de bambuzais e cipós de fogo, chegamos ao Espinhento
as 11:45h sem muito erro. Mais algumas fotinhos e contemplação da vista
maravilhosa e partimos para o cume do Pelado, povo ainda mais animado, pois
estávamos novamente adiantados e, então, seguimos com cuidado pelas gretas e
não posso deixar de dizer que lugar especial, maravilhoso. Nesse momento
resolvemos abastecer todos nossos reservatórios nas águas que corriam ao fundo
das gretas. Sem um fácil acesso, resolvemos seguir um pouco mais adiante quando
achamos uma bica feita pela natureza com uma elegância sem tamanho no fundo do
vale. Decisão essa acertada, pois no dia anterior não tivemos água em
abundância, sendo que os vales estavam secos. Dessa vez, resolvemos nos
precaver, caso não víssemos mais água até o Pelado, melhor 3kg a mais do que
sem água, rsrs. Enchemos o que podíamos, pois não sabíamos onde teria água e
disposição naquele momento não faltava.
Vários sobem e desces, risadas, alguns xingos e
gemidos (nem tudo são flores), ao vencer subidas em vales profundos, rochas,
raízes e sem contar as gretas, algumas com grande profundidade, um pouco depois
das 15h, depois de uma baita subida, chegamos ao cume do Pelado. Fotos e mais
uma vez tendo aquela vista com contemplação, seguimos até a Asa, onde iríamos
acampar. Assim que chegamos fizemos um belo café, chá e logo depois lagarteamos
um pouco e partimos ao ataque mais esperado do dia: nossa janta que seria
arroz, um delicioso frango, milho, bata palha e chocolate como sobremesa. Logo
em seguida, fomos abençoados com um pôr de sol não tão limpo com o de ontem,
mas com detalhes e formas diferentes que encheram nossos olhos, noite com
estrelas e uma lua linda, mas como estávamos cansados e de barriga cheia, logo
fomos para nossas residências.
As 5:30h já estávamos de pé e pense em povo
animado, antes do sol nascer as mochilas já estavam prontas, tivemos uma noite
estrelada sem umidade e vento. Esperamos o sol nascer batemos muitas fotos, uma
olhada no visual e aquele agraciamento em meu pensamento, assim partimos em
direção a Freeway. Logo que saímos demos o nosso maior perdido rsrs, voltamos
para conferir o trajeto até perto da asa do avião e o meu GPS por algum motivo
ficou com sinal instável, mas logo que voltamos tivemos a certeza que estávamos
no caminho correto e seguimos na mesma direção, o que se confirmou em seguida
pelo GPS também, no exato momento que chegamos à placa do Pelado.
Partimos animados e bem descansados, pois
dormimos 10h os dois dias rsrs, mal sabíamos que íamos andar vários momentos se
arrastando e se pendurando, uma baita descida com vários pontos de muito
cuidado e muitos momentos que se arrastávamos por de baixo de árvores e bambus.
Chegamos na Cascata Dourada e tomamos um belo Tang, este não pode faltar sequer
um dia nas nossas travessias, para dar aquela revigorada. Hidratação feita,
partimos a todo vapor para a estação, na qual chegamos antes do 12h e
encontramos alguns conhecidos. Mais um Tang e partimos em direção àquela
estradinha sem fim, que descemos correndo com muita risada e em busca de um
belo banho rsrs.
Resumo da travessia: o pulo do gato é não se
perder! Erramos no máximo 10 passos, a não ser no início da Freeway que foi um
pouco mais.
Agradecimento aos amigos que participaram de
mais uma travessia sensacional, desde a logística até a pratica que foi muito
bem executada, vocês são show!
Gratidão pela Vida!Foto: Ander Paz |
Fazer montanhismo sozinho é bom, agora fazer acompanhado é melhor ainda Foto: Ander Paz |
Placa pico Pelado Foto: Ander Paz |
Foto: Ander Paz |
Pico Espinhento em frente |
Acampando cume Pelado ao lado da asa do avião. Foto: Ander Paz |
Estação Marumbi, fim da travessia. ( ainda tem mais 4 km de caminhada até o IAP) |
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